ANIVERSÁRIO: DE TOMASO PANTERA

Nasceu há 50 anos o super-desportivo que tinha todos os ingredientes para ser um “best-seller”, mas que ficou aquém do sucesso comercial esperado.

Fã de carros italianos, Lee Iacocca viu em DeTomaso um aliado perfeito para inaugurar um novo segmento de mercado no Estados Unidos e dominá-lo por completo.

O carismático líder da Ford pretendia reforçar a posição dominante do grupo em todos os segmentos de mercado. Depois das tentativas falhadas de aquisição da Ferrari, Iacocca viu na DeTomaso – que então produzia o modelo Mangusta -uma solução bem lógica para as suas ambições: ali estava uma marca com um DNA puramente italiano, mas que usava os mesmos motores a que a rede de concessionários Ford estava habituada a dar assistência. Os DeTomaso poderiam assim ser tratados como qualquer outro modelo da gama, quer em termos de assistência, como de garantias.

Com a injecção de capital da Ford, De Tomaso criou um novo modelo. O Pantera usava chassis monobloco e uma carroçaria totalmente nova. Do ponto de vista de marketing, era relevante a chancela do design italiano. O estúdio Ghia foi escolhido, mas ironicamente o autor acabaria por ser o americano Tom Tjaarda. O designer  tinha no currículo entre outros, as linhas do Ferrari 365 California, do Fiat 124 Spider e do Ford Fiesta MkI.

O Pantera era um projecto bem pensado, mas Iacocca temia que os concorrentes se antecipassem naquele segmento. Havia rumores de que a Chevrolet e a AMC se preparavam para lançar os seus desportivos de motor central e, por isso, De Tomaso foi muito pressionado pela Ford para se apressar na concepção e lançamento. Ao todo, entre o início do projecto e o início da comercialização, passaram apenas nove meses. Os defeitos de juventude do modelo, como os acabamentos e problemas de aquecimento, poderiam ter sido evitados. Assim, acabariam por dar ao De Tomaso uma má reputação que resultou num insucesso comercial, quando comparado com as expectativas da Ford.

O Pantera continuava a ser um super-desportivo muito mais fiável e barato de manter do que os rivais italianos da Ferrari ou Lamborghini. No entanto, os clientes americanos que compravam os Pantera a 10.000 dólares não tinham esse termo de comparação. Estavam acostumados aos simples e fiáveis Mustang, Corvette e Camaro e, por isso, não tinham paciência para os problemas de temperamento e juventude do Pantera.

Ainda assim, o modelo manteve-se no mercado até 1993, apenas com actualizações estéticas e tornou-se um ícone entre os super-desportivos.