O “Citroën Maserati” como era conhecido, é uma espécie de retrato do futuro, feito há 50 anos. Uma montra tecnológica, num envelope tão arrojado, que quase custa a crer que tenha sido um automóvel de produção em série.
Quando em 1955 a Citroën apresentou o DS, foi como se o mundo estivesse a presenciar a aterragem de um OVNI em pleno Salão de Paris. Além da tecnologia ser extraordinariamente avançada, as formas eram absolutamente distintas de tudo o que havia na indústria e mantiveram-se inimitáveis.
Depois do DS, já ninguém acreditava que a Citroën pudesse voltar a deixar o mundo de boca aberta, mas as circunstâncias ideias foram criadas aquando da compra da Maserati. Depois de longos anos em poder de Adolfo Orsi, a Maserati entrou em grande crise nos anos 60, altura em que passaria para o controlo da marca francesa.
Além de levar a cabo uma considerável renovação da gama Maserati, com modelos bem mais avançados e apelativos, a Citroën aproveitou a o know-how da marca italiana para concretizar um projecto que tinha começado a planear em 1961: uma espécie de versão GT do DS.
A sinergia entre as duas marcas resolvia, desde logo um problema: a escolha do motor. Concebido pelo génio Giorgio Alfieri, o possante motor V6 serviria para mover o novo Maserati Merak (montado em posição central) e também o Citroën SM, montado na dianteira e transmitindo a potência às rodas da frente.
Combinar as virtudes dinâmicas de um DS com um motor de 170cv e 230Nm de binário, seria à partida uma receita de sucesso, mas para que este novo GT fosse desejável, era necessário que as linhas da carroçaria expressassem exactamente a identidade que se pretendia: automóvel sofisticado, invulgar e com personalidade. A tarefa foi entregue a Robert Opron, autor do restyling do DS em 1967, bem como do desenho de modelos tão originais e marcantes como o GS e CX, o Renault Fuego ou o Alfa Romeo SZ.
Apesar de dispendioso e exclusivo, o SM vendeu mais de 12.000 unidades. Um sucesso que foi encurtado devido à crise do petróleo e a sua exclusão do mercado americano devido a uma mudança na legislação relativa às emissões e requisitos de segurança.