Seja pelos incentivos legais e fiscais, para evitar limitações de utilização, ou pela valorização e protecção do património pessoal, as Certificações de Veículos de Interesse Histórico têm sofrido uma imensa procura.
Esta é uma realidade animadora, pois não só se incentiva os proprietários a manter os seus veículos antigos na estrada e em condições de legalidade, como permite ter uma ideia mais exacta do panorama nacional de entusiastas e do número de veículos históricos em boas condições de circulação.
Contudo, há ainda muitos proprietários a não dar o passo da certificação devido a mitos ou mal-entendidos.
Um deles, recorrente, é o de que um automóvel tem de estar quase 100% original para obter a certificação, não dando espaço à adequação ao gosto do proprietário.
À excepção das normas de segurança, há apenas uma regra na personalização do automóvel: que esteja de acordo com o espírito da época, usando materiais, acessórios, cores e tecnologias historicamente correctas.
Se para alguns esta condição pode até soar bastante restritiva, a verdade é que basta investigar a história de qualquer modelo para descobrir que, para quase para todos os automóveis, existe uma imensidão de opções de personalização historicamente correctas. Basta conhecer devidamente o modelo e usar algum tempo livre em busca das opções certas.
O certificado de de Veículo de Interesse Histórico, tem como função comprovar de que um dado exemplar de um modelo representa com bastante rigor histórico a sua época, pelo que o uso de soluções modernas, como jantes, faróis, pinturas e acessórios fora de época, tem necessariamente de inviabilizar a obtenção desse estatuto.
Note-se que o que aqui se avalia não é o que é belo ou feio, pois às entidades certificadoras não compete julgar. O que se afere é muito mais objectivo: o enquadramento, ou não, das soluções e opções usadas no exemplar em análise, na época em que foi fabricado.
Cada um é livre de viver os veículos antigos à sua maneira e a diversidade é algo que se deve apreciar, contudo, é necessário aceitar que o interesse histórico está, por decreto e por princípio, circunscrito aos exemplares que se encontram historicamente correctos.