STRATOS ZERO: O FUTURO HÁ 50 ANOS

Quando vemos um desfile de alta costura  na televisão, nós, o que nada entendemos de design de moda, olhamos para tais criações e perguntamos: “Mas quem, dentro do seu perfeito juízo, vestiria aquilo?”.

Ora, para alguém completamente alheio à dinâmica da evolução automóvel, o Stratos Zero é como o mais excêntrico dos vestidos. Afinal, quem no seu perfeito juízo andaria num automóvel para o qual se entra como se fosse uma banheira e cuja altura máxima não chega à cintura de um adulto?

Claro está que o objectivo de Marcelo Gandini nunca foi o de efectivamente produzir um modelo tão extremo, mas antes o de revelar de forma vincada um novo conceito de design. É verdade que este concept car daria origem a um excêntrico e imbatível automóvel de ralis com o mesmo nome ( motorizado por um V6 Ferrari em vez do V4 do Fulvia montado no Zero), no entanto, essa foi a consequência menos relevante deste exercício de estilo.

As linhas criadas por Gandini, em 1970, tiveram o condão de influenciar profundamente várias décadas do design automóvel. A partir de então, os perfis em cunha sucederam-se, vindos de todas as marcas e de diferentes designers e, não fosse pelas restrições legais, estariam para durar.

De todos os desenhos automóveis que passaram à produção, talvez o Lamborghini Countach seja aquele que mais se aproxima do Stratos Zero, tanto no perfil, como em certos detalhes como o corte do guarda-lamas traseiro. Mas os exemplos menos evidentes abundam: Triumph TR7, Lotus Eclat e Esprit, Fiat X1/9, BMW M1, Pontiac Fiero, Ferrari 308 e 365 e muitos mais.