40 ANOS DO MASERATI BITURBO

A vida da Maserati é feita de altos e baixos e de regressos improváveis. O ano de 1981 assinalou uma total renovação da marca após o governo italiano assumir uma posição maioritária na empresa.

Para comandar os destinos da Maserati, foi escolhido o maior accionista privado, Alejandro DeTomaso e foi ele mesmo que idealizou a nova gama, composta por modelos com vários formatos de carroçaria, que tinham em comum a influência de Giugiaro no design e a utilização de motores V6 biturbo (V8 no derradeiro Shamal).

Os Biturbo existiram nas versões Coupé, Sedan de quatro portas e o Spyder, desenhado pela Zagato. A distinção entre versões através dos nomes é que nem sempre é fácil. Inicialmente eram identificados por um número de três algarismos em que o primeiro indicava o número de portas (2 ou 4), sendo os outros identificadores da capacidade motorização (por exemplo 420Si de dois litros e 430Si de… 2.8!), excepto nas versões que têm um “V” no final. Nesse caso, os dois últimos dígitos referem-se ao número de válvulas (exemplos são os 2.24v e 4.24v).

O motores 2.0 foram vendidos sobretudo em Itália e Portugal. O 2.5 teve pouca expressão e o 2.8 foi o mais produzido.

Além das carroçarias referidas, há que mencionar o Karif, um estranho coupé que é basicamente um Spyder com tecto rígido.  O motor era o 2.8 de 285cv e as performances anunciadas eram excepcionais: 4,8 segundos nos 0 a 100km/h e 255km/h de velocidade máxima. Tudo, alegadamente, com superior rigidez. Apenas 221 exemplares foram produzidos, ao mesmo tempo que o Shamal.

A última encarnação do Maserati Biturbo de seis cilindros foi o Ghibli, já criado sob a égide do Grupo Fiat, sucedendo ao Shamal. Com motor 2.0 de 306cv, tinha performances quase ao nível do antecessor e deu origem a um troféu em 1995: a Selenia Ghibli Open Cup acompanhava as rondas do DTM.

O Biturbo era, pretensamente, um pequeno executivo com performances de desportivo, pensado para um uso quotidiano. Contudo, revelou-se era um automóvel temperamental, afectado por problemas crónicos, próprios de um desenvolvimento apressado e com poucos testes. A componente eléctrica era o principal problema, hoje fácil de solucionar, e os demais problemas foram sendo ultrapassados ao longo dos primeiros anos de produção.

A família de modelos Biturbo foi vista durante muito tempo como uma fase negra na vida da Maserati, mas 40 anos depois, são um fenómeno de culto e há boas razões para isso.