Pode não ser um dos nomes mais celebrados da história, mas a influência de Mario de Revelli de Beaumont na evolução do design automóvel e em particular na aerodinâmica, é insofismável.
Nascido em 1907 em Roma tinha, no entanto, origens em Piemonte, descendendo de famílias nobres.
Uma educação privilegiada e a influência de uma tia que era designer de moda, criaram-lhe o interesse pelas Belas Artes. Em simultâneo, ainda aos 17 anos, colaborou no negócio do seu irmão Gino, a Galloni, uma oficina e concessionário de motos em Turim.
Mario havia de formar-se em engenharia, tal como o seu pai, e fundou uma empresa dedicada à concepção e fabrico de armas semiautomáticas.
Multi-facetado, ajudou o seu irmão a criar uma moto de marca própria, a GR (Galloni-Revelli) 500, equipada com motor JAP. O próprio levou esta moto à vitória em inúmeras provas, vencendo o Grande Prémio das nações disputado em Monza e o título europeu, em disputa com nomes como Achille Varzi.
Seriam as mazelas de inúmeros acidentes a afastá-lo do motocilismo, o que o levou a dedicar-se ao design automóvel. Invulgarmente, para a época, Revelli trabalhou sempre como freelancer, tendo sido talvez o primeiro designer a optar por essa independência. Isso não o impediu de trabalhar para os melhores estúdios como Ghia, Bertone, Farina, Viotti, Figoni et Falaschi entre outros.
Uma das suas primeiras notáveis criações foi o belíssimo Fiat 508S (Balilla).
Também para a Fiat mas ao serviço da Viotti, criou algumas carroçarias especiais, como o 525 SS.
Ao serviço da Touring, e trabalhando em parceria com o famoso “Cicci” Anderloni, começou a explorar os seus conhecimentos de aerodinâmica, transformando a aparência tradicional dos automóveis pré-guerra. Um exemplo famoso é o Fiat 1500 de 1935, modelo cujas formas se distinguiam de qualquer outro modelo de produção em séria, com faróis integrados na dianteira, grelha e pára-brisas inclinados.
Na sua colaboração com a Siata e, graças ao envolvimento desportivo da marca, pode desenvolver ainda mais os seus estudos de eficiência aerodinâmica.
Ainda em colaboração com a Bertone, Revelli de Beaumont criou alguns exemplares únicos de modelos aerodinâmicos muito especiais. O mais famoso de todos é talvez o Alfa Romeo 6C2500 SS que integra a colecção Lopresto e que já venceu o Concurso de Pebble Beach.
No pós-guerra, Beaumont destacou-se por duas curiosas criações. A primeira delas o micro-carro desenhado para a Viotti, que foi um precursor de um estilo muito copiado pelos concorrentes italianos.
A segunda foi a moto aerodinâmica criada para a Aermacchi, chamada Chimera. Movida por um motor mono-cilindrico horizontal de 175cc a quatro tempos, esta moto tinha como característica o facto de cobrir todos os componentes mecânicos, tornando mais fácil e limpa a sua utilização.
Durante anos, o italiano colaborou assiduamente com a Simca, mas as suas últimas criações foram executadas sobre automóveis americanos, uma vez que se fixou temporariamente em Pasadena, onde leccionou design no Art Center College of Design e, mais tarde, na Escola de Arte e Design Aplicado de Turim.
Morreu a Maio de 1985 em Grugliasco.