O Mini Moke é, indiscutivelmente uma das formas mais facilmente reconhecidas da história do automóvel. Um daqueles coleccionáveis que geram simpatias de todos, mesmo de quem não é fã de automóveis clássicos.
Hoje, o Moke é um ícone que associamos a dias de praia e particularmente ao Algarve onde havia grandes frotas para aluguer. No entanto, a génese do modelo é bem menos lúdica…
Foi pedido a Sir Alec Issigonis que desenvolvesse um veículo militar que pudesse ser aerotransportado e largado de pára-quedas ou descido por helicóptero. O engenheiro estava ainda ocupado com o desenvolvimento do Mino quando este pedido chegou. Olhando para o resultado, é de acreditar que Issigonis não esteve para perder muito tempo com essa “encomenda”. Adaptou o chassis e mecânica do Mini e criou modelo que conhecemos.
A menos que todos os cenários de guerra fossem impecavelmente asfaltados, é difícil de imaginar o Moke a ter alguma utilidade enquanto veículo militar. A baixa altura ao solo e o reduzido diâmetro das rodas tornavam-no inútil na maioria dos terrenos acidentados. Ainda chegou a ser produzida uma versão 4×4 com recurso a dois motores, equipada com pneus de terra de perfil alto, que aumentavam ligeiramente o ângulo de vão. No entanto, o projecto nunca chegaria a convencer os responsáveis das forças militares.
Com o modelo totalmente desenvolvido e sendo ele barato de produzir, a BMC decide avançar para a comercialização do Moke enquanto veículo civil de recreação. O aspecto adorável seria, desde logo, uma garantia de sucesso.
A primeira versão só estava disponível em verde e usava o motor Série A de 848cc de 34cv. Pesando apenas 534kg, atingia os 105km/h. O equipamento de série era incrivelmente reduzido, com grande parte dos componentes essenciais a estar na lista de opcionais. Foram produzidas 14.500 unidades desta versão, em Longbridge.
Em 1966, BMC abre uma linha de produção em Sidney para iniciar a comercialização do Moke na Austrália. Agora com motor de 998cc e 38cv o modelo é produzido exclusivamente para consumo interno até que, em 1968, a BMC decide passar toda a produção do Moke para Sidney, no sentido de melhor rentabilizar o investimento na estrutura industrial. Inicia-se então a produção de uma nova versão do Moke, já com o motor 1098cc de 50cv e equipado com jantes de 13 polegadas. Este novo modelo era já semelhante ao que conhecemos: mais largo, novo radiador, novos travões e relação final mais longa. De Sidney viria ainda a sair o modelo Californian, com o motor 1275cc de 65cv, que viria a produzir-se apenas entre 71 e 73, quando as normas anti-poluição ditaram o seu fim.
Seguiu-se a versão de trabalho, de apenas dois lugares, baptizada de “Utility”. No entretanto, o motor de 1098cc é também descontinuado e surge um novo Californian, desta feita com 998cc mas com vários extras e com uma lista de opcionais que incluíam pintura metalizada, rádio, aquecimento, entre outros. O arco de segurança passou a ser de série em 1979.
No final de 1981 terminou a produção do Moke na Austrália. Em 1983, a British Leyland retoma a produção, desta feita em Portugal. Primeiro com a montagem de unidades vindas da Austrália e a partir de 1986, em Vendas Novas, começa o fabrico completo do modelo, como motor de 998cc e 39cv. As jantes são de 12 polegadas e os travões da frente são já de disco. Só no final desse ano é que o Moke passa a apresentar o aspecto que conhecemos melhor, com grelha e arco de segurança em cinzento metalizado.
Em 1989 é produzida a versão Moke 25, limitada a 250 unidades, e comemorativa do quarto de século. Os direitos de produção tinham já sido vendidos à Cagiva, que no entretanto retoma o fabrico em Portugal em 1991, numa versão mais luxuosa. Estava previsto que, em 1993, a produção se transferisse para Itália. Tal nunca aconteceu e o Moke “oficial” termina a sua carreira.
Actualmente, são produzidas duas versões: uma com motor eléctrico, de um construtor francês e ironicamente chamada NosMoke e uma outra com motor 16v e carroçaria redesenhada, fabricada no Reino Unido pela Moke International.