Faleceu ontem, aos 89 anos, o lendário Paddy Hopkirk.
Embora a sua imagem esteja eternamente associada ao Mini, foi num outro clássico popular, mas concretamente o Volkswagen Carocha, que o piloto natural da Irlanda do Norte venceu a sua primeira prova, a rampa de Cairncastle de 1953.
Em 1955 a sua carreira profissional nos ralis iniciava-se no Circuit of Ireland, com um Triumph TR2, tendo conquistado uma vitória à classe.
Devido às suas boas participações, em 1956 seria, pela primeira vez, piloto oficial de uma marca. A Standard convidou-o para pilotar o Standard Ten em ralis. Um período de resultados discretos face às limitações da máquina e que culminou com um acidente no Alpine Rally de 1958, que levou a marca a dispensá-lo.
O que parecia ser um momento muito negativo, talvez tenha sido a maior oportunidade da sua carreira, pois logo surgiria o convite para ingressar na equipa do Grupo Rootes. Um convite que, infelizmente, surgia na sequência da morte de Mike Hawthorn, que era quem estava alinhado com pilotar o Hillman Husky no rali Safari. Ao longo do resto da época, Hopkirk pilotaria o Sunbeam Rapier com assinalável sucesso, incluindo duas vitórias no Circuito da Irlanda e um terceiro lugar no Alpine Rally.
Em 1962 seria terceiro no Rali de Monte Carlo com o Rapier, mas irritado com os constantes problemas de fiabilidade do Sunbeam, acabaria por juntar-se à BMC, inicialmente para pilotar o Austin-Healey 3000, mas em 1963 seria dos primeiros pilotos a conquistar resultados de relevo com o Mini. Em 1964 conseguiria mesmo o feito histórico de vencer o Monte Carlo com o Cooper S, celebrizando a matrícula 33EJB.
Foi esta vitória que o catapultou para a fama. O impacto mediático foi tanto, que Hopkirk receberia telegramas de felicitação do Primeiro Ministro britânico e até mesmo dos Beatles.
Paddy Hopkirk conseguiria ainda outros resultados de relevo, como um segundo lugar no Rali de Portugal de 1968. Mas nesse mesmo ano, o que o colocou nos jornais, foi o seu acto heróico no rali-maratona Londres-Sidney. Quando parecia ter a vitória nas mãos, Hopkirk e o eu navegador Tony Nash, depararam-se com uma colisão frontal entre o Citroën DS de Lucien Bianchi e Jean Claude-Ogier e o automóvel de um local, que entrou no traçado sem se dar conta de que a prova estava a decorrer. Os dois automóveis estavam em chamas e os pilotos da BMC salvaram a vida aos ocupantes, para depois voltarem para trás e avisarem a organização e os restantes concorrentes, no sentido de evitar mais acidentes e pedir socorro para as vítimas. Ainda assim, terminariam a prova em segundo lugar.
Durante as últimas décadas da sua vida, Hopkirk foi consultor do Grupo BMW, ao serviço da marca Mini e foi patrono e embaixador da Wheelpower, a principal associação humanitária britânica de apoio aos dependentes de cadeiras de rodas.
Hopkirk deixa três filhos, seis netos e uma história de vida inspiradora.