Raras vezes na história existiu um modelo a combinar uma estética radical com motores venerados, a preços realistas. Passados 30 anos desde o lançamento, o Fiat Coupé merece ser visto como um modelo exótico, mas acessível.
Apresentado em 1993 e quase parecia tratar-se de mais um concept car criado para um salão. No entanto, ninguém cria um protótipo propositadamente para o Salão de Bruxelas, o que ajudava a perceber que este automóvel de aspecto estranho, era algo sério.
Numa era em que, mesmo os automóveis desportivos, estavam estrangulados por economias de escala, o Coupé não era excepção, ao usar a famosa e elogiada plataforma Tipo 2 do Grupo Fiat, que serviu de base, com adaptações, a modelos de tracção como o Fiat Tipo, os Alfa 145, 146, GTV e Spider, além da segunda geração do Delta.
A afirmação do Coupé estava, por isso, dependente da carroçaria. Seriam avaliadas opções criadas pela Pininfarina e pelo próprio Centro Stile Fiat, então liderado por Leonardo Fioravanti. Seria a equipa de design da Fiat a levar a melhor, com um desenho arrojado concebido pelo polémico Chris Bangle (mais tarde director de design da BMW). Da proposta da Pininfarina, mais consensual, só o interior seguiria para a versão final. O desenho da carroçaria, rejeitado pela Fiat, seria mais tarde adaptado para dar forma ao Peugeot 406 Coupé. A montagem do Fiat Coupé seria feita na fábrica da Pininfarina.
Para mover a escultura de Bangle, foi escolhido inicialmente um só motor em duas versões: o Lampredi, em tudo igual ao do Delta Integrale 16V, seria usado com ou sem turbo. O 2.0 atmosférico debitava 140cv, um pouco curtos para os 1218kg. A versão comprimida ascendia a uns respeitáveis 195cv. Nos motores de quatro cilindros, a expressão Plus identificava o nível superior de equipamento que incluía ABS, jantes especiais, ar condicionado, bancos em pele e, no Turbo, o diferencial autoblocante viscoso Viscodrive. Opcionais eram o airbag de passageiro, o tecto de abrir, o rádio, o alarme e o lava-faróis.
Em 1996 era apresentado um novo e invulgar motor de cinco cilindros e 20 válvulas, de uma nova família de motores chamada Pratola Serra, em referência à localidade da fábrica Fiat onde eram produzidos. Na versão atmosférica, a potência anunciada era de 150cv. Na versão turbo-comprimida, atingia uns surpreendentes 219cv, o que lhe permitia acelerar até aos 100km/h em apenas 6,6 segundos e atingir os 240km/h. Em 1998 era anunciada a versão Limited Edition (LE), numerada e identificável por alguns detalhes como a barra anti-aproximação anterior, rebordo cinzento nos farolins traseiros, kit aerodinâmico distinto, arranque por botão (vermelho), travões Brembo na na frente e bancos dianteiros Recaro, com centro em pele vermelha. Além destes detalhes, o LE beneficiava ainda da nova caixa de seis velocidades, que lhe permitia reduzir para 6,3 segundos a aceleração até aos 100km/h e chegar aos 250km/h de velocidade máxima. Michael Schumacher foi proprietário de um dos primeiros LE. Os cerca de 1400 exemplares da Limited Edition existem apenas em preto, vermelho e três diferentes tons de cinzento (Vinci, Crono e Steel).
No ano 2000, finda esta série, e havendo ainda muita procura, a Fiat resolveu a questão criando uma nova série especial, sem numeração, intitulada Plus. Com o mesmo equipamento do LE, distingue-se pelas jantes específicas com braço dividido, pelos bancos a uma cor, com pesponto em contraste e botão start em tom de alumínio.
Ainda em 2000 a versão atmosférica recebia um novo motor. Desta feita, o mais moderno 1.8 de 130cv oriundo do Barchetta, motorização já disponível em Itália desde 1995.