100 ANOS DOS AUTOMÓVEIS TRIUMPH

Ainda que esteja praticamente extinta desde 1984, a marca Triumph continua a ser de enorme relevância no mundo automóvel e uma das mais importantes no universo dos clássicos.

Mantendo ainda hoje milhões de apaixonados por todo o mundo e uma forte presença dos dois lados do Atlântico, é justo dizer que é uma marca praticamente eterna.

Foi há um século que a Triumph produziu o primeiro automóvel, mas a história da empresa começa em 1884. Siegfried Bettman, um emigrante alemão em Inglaterra, criou uma empresa para importar produtos alemães.

O seu primeiro negócio de sucesso dentro das várias áreas em que actuava, foram as máquinas de costura. Daí, expandiu o negócio para as bicicletas, para aproveitar o poder de distribuição. Nessa altura, subcontratou um produtor de bicicletas chamado William Andrews e precisou de criar uma marca que pudesse ter uma boa sonoridade internacional. Surgiu assim o nome Triumph.

Dali a pouco tempo, Bettman percebeu que poderia ter mais lucros e crescimento se se tornasse produtor, criando a sua pequena fábrica em Coventry. E com o motor de combustão a ganhar relevância, o empresário abordou a Dunlop com vista a conseguir desta algum investimento. Assim, em 1901, é lançada a primeira moto Triumph.

Já naturalizado inglês, Bettman era, cada vez mais, um industrial relevante, com vários modelos de sucesso no mercado. O seu prestígio permitiu-lhe chegar ao cargo de Mayor de Coventry e presidente da União Britânica de produtores de motos e bicicletas.

Ainda estava a assentar da poeira da Primeira Grande Guerra quando Bettman adquiriu a Dawson Car Company para expandir o seu negócio para os automóveis. É assim que, em 1923, nasce o Triumph 10-20hp, com carroçaria Weymann e um motor concebido pela Ricardo.

Na fase anterior à Segunda Guerra Mundial a Triumph lançou as bases do seu sucesso, com modelos muito reputados. Nomes como Dolomite e Vitesse nasciam nesta fase. 

Mas é nos anos 50, com o nascimento de uma gama mais vincadamente desportiva, que a Triumph cresce assinalavelmente. O protótipo 20TS, era um roadster que viria a ser conhecido, posteriormente, como TR1, surgia em 1950. As linhas muito elegantes e com preocupações aerodinâmicas, captaram a atenção dos entusiastas.

Em 1953 surge o TR2, que mais não era do que uma evolução do 20TS. Leveza , simplicidade e um motor potente, fizeram dos TR2 e TR3 verdadeiros tomba-gigantes nas provas e brinquedos imbatíveis em diversão nas estradas sinuosas.

Foram os TR2 e TR3 que abriram em definitivo as portas do mercado americano e isso motivou, necessariamente, a um crescimento e maior sofisticação da gama. Os TR foram crescendo nas gerações seguintes e deixaram de ser veículos minimalistas para serem roadsters utilizáveis com mais frequência e em conforto.

Assim, ficou em aberto no mercado o espaço para um novo roadster, mais simples e acessível, que seria o Spitfire. Com motores que começaram nos 1200cc e foram crescendo até aos 1500cc da última geração, o elegante roadster conquistou os corações de todo o mundo e foi um grande sucesso de vendas, de tal modo que ainda hoje é uma visão relativamente comum.

A gama era composta igualmente por pequenos descapotáveis de quatro lugares e como os Herald de quatro cilindros ou o Vitesse, de seis. Estes modelos eram também comercializados nas versões coupé (um descapotável com hartdop), saloon e estate (carrinha de três portas).

No mercado doméstico e europeu, as berlinas desempenharam também um importante papel a nível comercial: primeiros os 1300 de transmissão dianteira e depois o Dolomite, que saltou para a ribalta com a versão Sprint, de 16 válvulas e 130cv, algo incomum para a época e segmento.

Os Triumph 2000, 2.5Pi (injecção) e 2500 TC formavam uma série de berlinas de segmento superior, refinadas, com performances interessantes, e desenho de Giovanni Michelotti.

O controverso mas competente TR7, desenhado por Harris Man, foi o último modelo 100% Triumph a ser lançado, tendo sido comercializado entre 1975 e 1981, nas versões roadster e coupé, com motor de quatro cilindros ou o V8 Rover-Buick.

O derradeiro modelo da marca seria o Triumph Acclaim. Essencialmente, tratava-se de um Honda Ballade produzido sob licença, com alguns detalhes estéticos exclusivos. Era um familiar confortável e fiável, com uma estética interessante e um preço competitivo, que teve mesmo algum sucesso em Portugal. Era, no entanto, um produto “indiferenciado”, num mercado cada vez mais competitivo. 

A convivência de marcas concorrentes no confuso conglomerado que era a British Leyland, era uma dificuldade adicional num grupo mal gerido. Por isso, a marca haveria de cair a favor da Rover. O legado permanece, com muitas dezenas de clubes dedicados à marca e uma enorme legião de adeptos.