Foi notícia este fim-de-semana o acordo entre a UE e a Alemanha para a abertura de excepções que permitem a produção e venda de veículos com motor de combustão para lá de 2035.
O acordo prevê que “veículos com motores de combustão interna vão poder ser registados no pós-2035, desde que funcionem exclusivamente com combustíveis neutros em CO2”.
O acordo contou também com a pressão do Governo italiano. A primeira-ministra de Itália, Giorgia Melini afirmou que “A batalha pela neutralidade tecnológica foi vencida, que era a pré-condição para o reconhecimento dos biocombustíveis. Estamos a mostrar que os biocombustíveis também são uma solução de emissões zero”, pelo que, “desde que a tecnologia atinja os objectivos pretendidos, devemos poder usá-la”.
Só hoje serão divulgadas as regras exactas das excepções, mas o mais relevante a extrair desta notícia é que este enquadramento legal deverá fomentar a produção e a democratização dos combustíveis sintéticos, que podem ser usados em qualquer motor de combustão interna, incluindo os dos veículos antigos.
Mario Theissen, da FIVA, defende mesmo que os veículos antigos são o “projecto-piloto perfeito para provar a validade dos e-fuels, uma vez que são poucos, com uso reduzido e normalmente mantidos em excelentes condições mecânicas”.
A Coyrton’s, uma empresa britânica que produz e-fuels com base nos desperdícios da actividade agrícola, tem vindo a promover os seus combustíveis junto da comunidade de proprietários de veículos antigos, uma vez que estes são, para já, os principais interessados em experimentar e validar esta tecnologia. Além de que, tendo em conta a baixa quilometragem, a diferença de preço por litro acaba por não ser muito relevante. O porta-voz da empresa, David Richardson, acredita que “demorará entre seis a dez anos para que os combustíveis alternativos sejam oferecidos ao mesmo preço dos derivados do petróleo”, mas essa previsão era anterior a este importante anúncio da UE.
Poderá ainda faltar algum tempo até que possamos encontrar combustíveis sustentáveis disponíveis para abastecer os nossos clássicos, mas estas novidades são fundamentais para que todos os veículos antigos possam continuar a ser utilizados sem uma grande penalização financeira e, sobretudo, sem obstáculos legais.